quinta-feira, 11 de março de 2010

Que venha o Outono

Quando o verão volta pra sua casa?Já estou cansada de calor, suor.Preciso dos dias de chuva, das temperaturas amenas, dos sóis luminosos do outono e do inverno.
Cores  maravilhosas pra se pintar e fotografar que só existem quando o sol tem a humildade de se inclinar um pouco.
Enquanto todos, incluindo a mídia falada ,escrita, televisiva e virtual tecem longas odes a chegada do verão eu me recolho nas sombras, buscando brisas, ventos, ventanias e de preferência tempestades.Pena que as de verão sejam tão fugidias.Aliás se bem me lembro, tudo no verão é assim mesmo, perecível ou feito perecer mas rápido pela exigência das altas temperaturas.
Até o tal de amor de verão cantado em verso e prosa morre rápido, acredito que sufocado pelo excesso de fogo.
Assim invoco o outono
Que os deuses da chuva façam sua chegada triunfal, 
Que as luzes da ribalta natural se abatam, 
Que as temperaturas se tornem plausíveis!
Que os amores fugazes se desvaneçam no ultimo vapor que se eleva das calçadas!
Que os mares resfriem nas regatas outonais e os gatos lambam suas caras satisfeitos.



Ode ao Outono
I
Estação de brumas e de prosperidade,Cúmplice e amiga íntima do sol maturador;Com ele conspirando a fim de proteger e abençoarAs uvas nos vinhedos que se dispersam sobre as parreiras;Curvar sob o peso das maçãs, as macieiras, Sazonar todos os frutos até o âmago; Intumescer as abóboras e deixar cair, fendidas, as avelãsCujas expostas amêndoas farão brotar outras mais, E mais ainda: suas flores serão a fonte do doce produto das abelhas,Pois enquanto não cessarem os dias de calor, sua faina nunca acabará, E o Verão encontrará as colméias abarrotadas de doçura.
 II 
Quem ainda não te viu, freqüentemente, envolta pela opulência? Às vezes, qualquer pessoa abandona seu próprio lar a fim de ir ao encontro De ti, e sentar-se descuidada no chão do teu celeiro,Sobre a tênue folhagem oscilante sob a ventania;Ou até mesmo sulcar o terreno, subtraindo a vegetação e adormecer, Entorpecida pelos vapores das papoulas, enquanto tu tentas desviarO próximo golpe, a fim de poupar o renque seguinte com todas as suas geminadas flores;Outras vezes, qual diligente lavrador, procuras resguardar Com afinco, a tua obra majestosa, socorrendo-se dalgum regato;Até que afinal somente te reste, sob um lutuoso cipreste, Observar, com tristeza, os últimos limos a esvair-se lentamente. 
III 
Onde estarão as canções da Primavera? Ó onde estarão? Não. Não penses nelas; tu também possuis a tua própria música, Pois enquanto escuras nuvens prenunciam o suave fenecer do dia,E esmaece o colorido das flores nas campinas, Um lamentoso coro de pequeninas mariposas Surgirá entre rios e salgueiros,Ou então, mergulhando na luminosidade, sobreviverá ou morrerá; Mas restará o balido das ovelhas à margem dos riachos das colinas; Ou o cantar dos grilos; e agora, com mais vigor ainda, Os tordos sibilarão de uma chácara abandonada;
Que as brisas noturnas nos arrepiem
John Keats (1795 -1821)

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