segunda-feira, 8 de março de 2010

Tudo novo de novo

Ai está: primeiro dia de aula,trote,caloura.Inicia-se tudo de novo.E assim as mães modernas que se auto-restauram no seu cotidiano tresloucado, tem opção de se renovar em uma nova modalidade: mãe de caloura universitária.É dificil não ser nostálgica mas, pensando bem, aqui é necessário e me permito ser.
Os filhos, para nosso aturdido espanto crescem.E aparecem.E desaparecem. Num Fort-da desconcertante.Somem de nossas vistas, gradativamente.Tomam seu rumo.
O primeiro dia de aula do maternal ficou lá no fundo da retina e numa tênue linha do horizonte avisto sua minuscula figura de merendeira na mão e maria-chiquinha. Figurinha que  me deixou na mão do lado de fora e nem ligou pra mim.Lá se foi pra sala e nem voltou mais,pedindo a presença da mãe. E eu fiquei, e pelo andar da carruagem vou ficar cada vez mais.Até o dia em que em meio a esta coisa ininterrupta que é a vida eu me torne de novo necessaria. Por enquanto sou apenas coadjuvante, aliás codjuvante somos todas nós mães, se  tivermos noção real de nossa função.
Sou apenas algo como uma admiradora secreta que apenas silenciosamente  observa os passos de sua preferida.Eu, mãe descolada  que já vivi muito, que já passei por poucas e boas, que já fiz muitas bobagens e cometi muitos erros, descobri que fiquei defasada. Minhas idéias de repente se tornaram ultrapassadas embora atualíssimas e para indignação de alguns, até mesmo avançadas demais. Toda e qualquer sugestão de mãe quando se tem dezoito anos parece particularmente idiota.E mesmo que não pareça fingimos que parece, fingimos não ouvir para podermos  segui-la  furtivamente como se fosse resolução pessoal.É, eu já tive dezoito anos, ja conheço as malandragens todas, e as bobeiras também. Que lastimavelmente são desnecessarias. Mas que acontecem. Viver deveria ter tecla de  backward pra gente poder regravar .
Enfim estou saudosa da pequenina que me solicitava atenção quando eu desesperadamente lutava pela sobrevivência e achava que nunca era suficiente.Sina de mãe é se achar sempre faltosa.Hoje os papéis se inverteram.Mas aceito feliz porque sei que é assim mesmo e que é necessário se tornar obsoleta pra que a borboleta alce vôos colossais.

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